sábado, 14 de novembro de 2015

O espetáculo do terror


terror
Fusão do quadro"Liberdade Guiando o Povo", de Eugène Delacroix, com a clássica foto do terrorista do Setembro Negro no massacre das Olimpíadas de Munique em 1972
   Por Sérgio Rubim
   O terror segue a lógica da propaganda, do espetáculo, do cenário público conhecido mundialmente. Quanto mais famoso o lugar, quanto mais impacto a encenação atingir, principalmente na mídia ao vivo, mais vitoriosa é a ação criminosa.
   No ato terrorista não existe a tentativa de tomar território, de destruir batalhões militares ou de “ganhar uma guerra”. A ação terrorista é baseada no impacto midiático imediato e alcança a todos no mundo todo, espalhando medo, insegurança e descontrole.
   O terror é teatro! O terror escolhe cuidadosamente o seu cenário de atuação, os seus atores, e principalmente a sincronia da ação cronologicamente calculada.
   O terrorismo, com poucas armas e pouquíssimo número de militantes consegue um efeito extraordinariamente grandioso e muito superior em publicidade e disseminação do discurso do que a tomada de uma colina ou de um cantão nos recônditos da África ou do Oriente Médio.
   Os ataques do Estado Islâmico na noite parisiense desta sexta-feira 13 novembro de 2015 continham todos os elementos da teatralidade e da busca do cenário perfeito para atingir o sucesso.
   Porém, mais que os bares destruídos, mais que a centena de mortos inocentes numa chacina sangrenta, covarde e impiedosa, está a implantação do medo, do terror, da insegurança que cria uma síndrome de pânico coletiva no povo de Paris. Tão importante nas sociedades democrática, a divulgação mundial e instantânea dos fatos acaba contribuindo para que ação terrorista atinja seu objetivo maior que é nos aprisionar pela medo.
   Em uma reação quase imediata aos acontecimentos o governo francês determinou o Estado de Emergência no país que inclui, toque de recolher, restrições a circulação de veículos e pessoas, o fechamento de todas as fronteira e leis de exceção que permitem ações militares livres das leis que protegem o cidadão civil.
   O maior dano causado pelo terrorismo é o medo e o fim de uma das maiores conquistas do homem ocidental que  são as liberdades civis.
   O maior dano desta ação terrorista na França não foi os números de mortos mas o assassinato do sonho conquistado pelos franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 




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