segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Deus, o Homem, o Universo e a Tolerância.

   Recebi hoje do amigo Eperidião Amin este artigo que faz uma abordagem interessante e humurada sobre a surpreendente declaração do Papa Francisco a respeito da teoria da evolução (Darwin) e a fé cristã.
    
   Por Esperidião Amin

    Recente declaração do Papa FRANCISCO sobre a compatibilidade da teoria da evolução com a fé cristã causou grande repercussão. Nosso papa honra sua formação jesuíta ao derrubar tabus e varrer preconceitos com palavras simples, muitas vezes recorrendo ao método socrático de fazer perguntas para desmontar falsas premissas. É, realmente, um craque. A Igreja e a humanidade precisavam e precisam dele!

   O mito que atribui à Igreja Católica obscurantismo, a meu ver, é alimentado pelos fatos associados à Inquisição. Meu avô materno, Pellegrino Marini, artesão italiano nascido em Verona, se converteu num “anticlerical” desbocado e ferrenho por ter trabalhado em restaurações de prédios que serviram às práticas inquisitoriais, cujos vestígios o horrorizaram.

   Contudo, nem sempre foi assim e nem sempre será assim. A curiosidade – mãe das invenções e da inovação – me colocou aos 12 anos de idade diante de um livro extraordinário, intitulado “DEUS, o HOMEM e o UNIVERSO”. Meu pai me sugeriu que o folheasse (757 páginas.) e acabei levando quase um ano para ler e entender, ao menos em parte, seu conteúdo.

   Algumas características do livro merecem ser registradas: a) editado pela Livraria Tavares Martins (Porto, Portugal), em 1956, integra a coleção Filosofia e Religião, coligindo trabalhos de 18 cientistas, foi traduzido do francês pelo Padre (jesuíta) Agostinho Veloso, b) compreende textos, que vão desde “A existência de Deus e o materialismo contemporâneo” a “O mundo, sua origem e estrutura à luz da ciência e da fé”. Detalhe sugestivo: contém o Imprimatur, ou seja, a autorização da autoridade eclesiástica (Bispo de Lisboa) para ser impresso e lido.

   Não pretendo aqui resumir o livro. Quero, porém, destacar dois aspectos que ilustram sua produção. O primeiro diz respeito à sua elaboração e organização. A primeira edição data de 1937, sob o clima que ensejou a encíclica Divini Redemptoris, o Papa Pio XI, que, solenemente, condenou o comunismo ateu. Ou seja, não “nasceu” inspirado pela tolerância.

   O segundo é a afirmação, várias vezes repetida no livro, de que “criação não exclui evolução!”.

   As recentes palavras de Francisco me fizeram imaginar a reação que seu conteúdo ensejaria à família de Charles Darwin. Consta que depois da publicação de “A Origem das Espécies”, ele deixou de ir às missas dominicais. Sua numerosa família (dos dez, sete filhos sobreviveram), liderada pela fiel companheira (e prima) Emma, ia ao culto dominical e ele ia passear. Com esse “convite” do nosso papa jesuíta, a família Darwin, apesar das controvérsias, poderia voltar a rezar unida.

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