sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Pasquim - A Subversão do Humor


Em 1969, ano particularmente duro no regime militar, surgiu no Rio de Janeiro "O Pasquim", tablóide que, com sua irreverência, humor e anarquia, daria uma nova roupagem e linguagem ao jornalismo brasileiro, uma forma mais coloquial à publicidade e causaria um forte abalo nos níveis da hipocrisia nacional. A TV Câmara conta no documentário "O Pasquim - a Subversão do Humor", através dos principais personagens desta história, como ele invadiu o Brasil, enfrentando a censura e a cadeia com o riso aberto, como se fosse mais uma das farras da turma de Ipanema.
Em O Pasquim, Jaguar, Ziraldo, Sérgio Cabral, Luiz Carlos Maciel, Marta Alencar, Miguel Paiva, Claudius, Sérgio Augusto, Reinaldo, Hubert lembram como se escreveu esta página da nossa história e Angeli, Chico Caruso, Washington Olivetto e Zélio como ela foi determinante para as páginas seguintes.
Ninguém ficou rico com a publicação, embora ela tenha vendido nos seus melhores tempos, entre 1969 e 1973, até 250 mil exemplares. Um volume acima do razoável, se lembrarmos que os jornais de tiragem nacional rodam hoje, mais de 30 anos depois, com toda a informatização, a facilidade de distribuição e as fortes campanhas de assinantes, cerca de 300 mil exemplares.
A verdade é que o comportamento da chamada Patota do Pasquim era tão anárquico quanto o conteúdo do jornal. E o que ganharam gastaram entre prisão, brigas, festas e altas dosagens etílicas. Bem que os militares e a elite brasileira tentaram sufocá-lo diversas vezes e de formas variadas mas, quando conseguiram, ele já havia disseminado uma nova forma de comportamento nos meios de comunicação. Como diz Jaguar, a imprensa tirou o paletó e a gravata, ou, como diz Olivetto, passamos a escrever e nos comunicar com língua de gente, do povo.


O documentário foi produzido pela TV Câmara. Para ver o documentário completo clique aqui ou no quadro ao lado. 

Nei Duclós deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Pasquim - A Subversão do Humor": Canga, o Pasquim foi fundado pelo Tarso de Castro, que era filho de dono de jornal e vinha de uma experiência de jornal combativo, a UH de Porto Alegre, fechado em 1964. Tarso sempre é esquecido quando se lembra o Pasquim. Mas ele fez do jornal um fenômeno, os outros eram colaboradores apenas. Tarso fazia o fechamento e mandava buscar as colaborações dos outros integrantes. Ziraldo nem sabia o que estava acontecendo e só abriu o olho quando perguntou ao Tarso se tinha alguma remuneração e o Tarso, que estava ganhando dinheiro com o jornal prencheu um cheque de cinco mil cruzeiros, uma grana preta. Tarso foi enterrado pelos sobreviventes do jornal que tanto os beneficiou. Tarso foi-se e ficaram, pendurados na bolsa ditadura, os execráveis Ziraldo e Jaguar. Outro protagonista foi o Fortuna, que fez o visual do Pasquim e que me contou pessoalmente a história toda. Escrevi sobre Tarso, com quem trabalhei na Ilustrada e no Folhetim, da FSP. http://www.consciencia.org/neiduclos/cinco-vezes-tarso-de-castro 


Nei Duclós deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Pasquim - A Subversão do Humor": Fortuna, que não vi citado neste trecho do documentário, apesar de aparecer em primeiro plano na foto histórica, tirava um sarro das seções da imprensa em que aparecia em cima da piada a palavra "Humor". O Pasquim não era um jornal de humor, era um jornal completo, trazia a experiência de jornais engajados que existiam desde o século 19 e era fruto da revolução da Ultima Hora do Samuel Wainer. Na UH já existiam os talentos do Pasquim, como Francis e Tarso.
Jaguar sempre entra com suas contribuições "decisivas". As entrevistas saíram assim porque o editor chefe, que era gênio, permitiu, sacou que esse era o caminho, não porque tudo era uma bagunça (Jaguar confessa que não entendia nada de redação, não poderia portanto opinar sobre o seu funcionamento). A função de um líder (o editor-chefe) é exatamente deixar que o talento se manifeste. O líder não senta em cima de nada nem de ninguém, percebe a oportunidade e dá destaque.
Desculpe tomar tanto espaço, mas me revolta essa soberba e essas citações en passant sobre o Tarso, que não fez um jornal que era retrato da "farra de Ipanema". O Pasquim tinha artigos políticos, tinha notícia, comportamento, serviço etc. Não tinha "humor" gravado na testa.

3 comentários:

  1. Canga, o Pasquim foi fundado pelo Tarso de Castro, que era filho de dono de jornal e vinha de uma experiência de jornal combativo, a UH de Porto Alegre, fechado em 1964. Tarso sempre é esquecido quando se lembra o Pasquim. Mas ele fez do jornal um fenômeno, os outros eram colaboradores apenas. Tarso fazia o fechamento e mandava buscar as colaborações dos outros integrantes. Ziraldo nem sabia o que estava acontecendo e só abriu o olho quando perguntou ao Tarso se tinha alguma remuneração e o Tarso, que estava ganhando dinheiro com o jornal prencheu um cheque de cinco mil cruzeiros, uma grana preta. Tarso foi enterrado pelos sobreviventes do jornal que tanto os beneficiou. Tarso foi-se e ficaram, pendurados na bolsa ditadura, os execráveis Ziraldo e Jaguar. Outro protagonista foi o Fortuna, que fez o visual do Pasquim e que me contou pessoalmente a história toda. Escrevi sobre Tarso, com quem trabalhei na Ilustrada e no Folhetim, da FSP.
    http://www.consciencia.org/neiduclos/cinco-vezes-tarso-de-castro

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  2. Fortuna, que não vi citado neste trecho do documentário, apesar de aparecer em primeiro plano na foto histórica, tirava um sarro das seções da imprensa em que aparecia em cima da piada a palavra "Humor". O Pasquim não era um jornal de humor, era um jornal completo, trazia a experiência de jornais engajados que existiam desde o século 19 e era fruto da revolução da Ultima Hora do Samuel Wainer. Na UH já existiam os talentos do Pasquim, como Francis e Tarso.

    Jaguar sempre entra com suas contribuições "decisivas". As entrevistas saíram assim porque o editor chefe, que era gênio, permitiu, sacou que esse era o caminho, não porque tudo era uma bagunça (Jaguar confessa que não entendia nada de redação, não poderia portanto opinar sobre o seu funcionamento). A função de um líder (o editor-chefe) é exatamente deixar que o talento se manifeste. O líder não senta em cima de nada nem de ninguém, percebe a oportunidade e dá destaque.

    Desculpe tomar tanto espaço, mas me revolta essa soberba e essas citações en passant sobre o Tarso, que não fez um jornal que era retrato da "farra de Ipanema". O Pasquim tinha artigos políticos, tinha notícia, comportamento, serviço etc. Não tinha "humor" gravado na testa.

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  3. Esqueceram ainda de citar duas vigas mestras do Pasquim: Henfil, com seus fradinhos e o bode Orellana, e o mestre dos mestres Millor Fernandes.

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