sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A casa do filho do presidente

Por Plácido Arruda
Essa é uma história, acredito, que pouca gente da Ilha de Santa Catarina conhece.
No início da década de 1970, o gaúcho João Vicente Goulart, filho do ex-presidente da República João Goulart, comprou uma área de sete mil metros quadrados na Praia da Solidão, mais precisamente no costão que dá acesso à Praia do Saquinho.
Anos depois, ali, a poucos metros do mar, João Vicente começou a construir sua casa, uma verdadeira mansão para os padrões da época. A obra, de madeira nobre, totalmente integrada à natureza, teve o telhado coberto com quincha, um tipo de palha muito comum no Uruguai e bastante popular nas mansões de Punta Del Este. O material, na época, custou 12 mil dólares e foi trazido em carretas até Florianópolis.
Quando a obra já estava adiantada, inclusive com sua piscina interna pronta, veio a ordem de embargo da prefeitura municipal. A justificativa é que a casa estava em área de preservação permanente e sendo erguida sem autorização dos órgãos ambientais. João Vicente tentou de todas as formas romper o embargo, tendo inclusive contratado o ilustre advogado Evilásio Caon para reverter a ordem da prefeitura.
Foi em vão. A obra nunca mais continuou, e hoje, mais de 30 anos depois, permanece lá, incrustada no costão Leste da Praia da Solidão, imponente, majestosa, destoando das casas de alvenaria que ao longo dos anos foram erguidas nos arredores, como mostram as fotos.
Até hoje João Vicente diz que foi uma vítima da perseguição ao seu pai – como sabemos todos, na época Esperidião Amin era prefeito indicado pelo mesmo governo militar que derrubou Jango, como o ex-presidente era chamado, em sua fazenda na Argentina.
Amin nega qualquer tipo de perseguição e defende que o embargo foi baseado em dados eminentemente técnicos. O ex-prefeito de Florianópolis a partir do ano que vem passa a trabalhar em Brasília, onde João Vicente mora atualmente. 
O filho de Jango, que há mais de 10 anos luta para construir um memorial em homenagem ao seu pai em Brasília, cidade que Jango ajudou a fundar junto com Jucelino Kubitschek, de quem foi vice-presidente, inclusive tentou uma vaga na Câmara Distrital pelo PDT, mas não obteve êxito.
Já a casa permanece abandonada. Dos sete mil metros quadrados de área do terreno original de João Vicente, restam apenas 400 metros. Os outros 6,6 mil metros quadrados foram invadidos por residências de todos os tamanhos, desde barracos a sobrados espaçosos, que, ao contrário da obra do filho do presidente, não encontraram qualquer resistência do poder público municipal.

Canga,
Sobre a nota: 
"A casa do filho do Presidente"
Recebi a seguinte informação e me pediram para te repassar:

1. A gleba era do INCRA e tinha 1 hectare, ou 10.000 metros quadrados.
2. Essa terra foi cedida a quem faria reflorestamento, com o intuito de refazer a mata que ali existiu um dia.
3. O terreno onde está a tal "mansão"tem hoje 3.500 metros quadrados e não 400, pois a casa tem uma metragem que não caberia em um espaço tão pequeno.
4. Aquela região não é APP e sim APL.
5. O que embargou a casa, não foi o zoneamento, que à época nem existia, mas sim o fato de ter o telhado de palha Santa Fé, que poderia, segundo os órgãos públicos causar um incêndio, atingindo outras casa e o que restava da mata na região.
Um abraço
Edson

Comentário de João Vicente Goulart: Um artigo muito sincero e verdadeiro.
Agradeço ao Sergio Rubim sua publicação com o crédito de Plácido Arruda pois reflete com autenticidade a perseguição ocorrida na época.
Abraços,
João Vicente Goulart.

PS: Tomei a liberdade de publicar no site de nosso IPG,
www.institutojoaogoulart.org.br
INSTITUTO PRESIDENTE JOÃO GOULART
João Vicente Goulart-diretor presidente.

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