sábado, 10 de julho de 2010

A RAIVA DOS FISSURADOS


Por Edison da Silva Jardim Filho

A Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1.995, é a chamada “Lei Orgânica dos Partidos Políticos”. O seu artigo 1º dispõe: “O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.” Eu pergunto: como podem os partidos políticos brasileiros “assegurar...a autenticidade do sistema representativo”- que se constitui no pilar mais proeminente do regime democrático-, e ser, pois, o principal instrumento de viabilização da democracia, se passaram a constar, tal qual uma casa ou um automóvel, do rol de bens particulares de alguns políticos?

Não é possível que haja prova mais contundente da apropriação privada dos partidos políticos, do que dois episódios que fizeram parte do grande espetáculo tenebroso em que se consubstanciaram as escolhas dos candidatos a governador e as articulações de coligações partidárias, na recém terminada fase de pré-campanha eleitoral em Santa Catarina. Primeiro, o golpaço dado pelo então candidato do PMDB a governador, Eduardo Pinho Moreira, nos seus correligionários políticos, depois de ter sido escolhido através de um processo de prévias. Após repetir ad nauseam que a sua candidatura era irreversível, eis que, surpreendentemente, renunciou à mesma para compor a chapa encabeçada pelo DEMO Raimundo Colombo, como candidato a vice-governador. Este Diarinho transcreveu, em reportagem do dia 15/06/10, duas frases de Eduardo Moreira ditas por ocasião do anúncio da decisão do recuo e encaixe. “Recuei pra colocar meu nome no novo projeto.” “É um ato de recuo pra poder desfrutar com chances.” Aí está, já não sei se nas linhas ou nas entrelinhas, a consideração da política como um negócio rentável! Desde que perdeu as eleições para prefeito de Criciúma, no já longínquo 2.000, Eduardo Moreira se viciou no movimento do encaixe em chapas com reais chances de vitória, ou seja, de possibilitar-lhe o “desfrute”. De lá para cá, nunca mais teve a coragem de testar-se, verdadeiramente, nas urnas. Para definir o tamanho de sua derrota nas últimas eleições municipais na região Sul do Estado, não há outra palavra senão: acachapante! O “desfrute” do Eduardo Moreira, em caso de vitória, envolverá, obviamente, a maior empresa de Santa Catarina, a CELESC. Ele foi o seu presidente por três vezes. E o também ex-prefeito de Criciúma, Paulo Meller, seu lugar-tenente, dirigiu-a de 1.995 a 1.996, sendo, atualmente, o presidente da subsidiária Celesc Geração.

O outro episódio hors concours nessa categoria foi o escambo, levado a efeito por Manoel Dias, do tempo atribuído ao PDT na propaganda eleitoral por sua candidatura a vice-governador na chapa favorita, titularizada por Angela Amin. Desde que teve o mandato de deputado estadual cassado pela ditadura militar em 1.969, portanto há 41 anos, Manoel Dias vive de negociar, à cada eleição, o tempo de propaganda do PDT. Num partido que tem dois quadros da qualidade intelectual do senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, e do deputado federal pelo Rio de Janeiro, Miro Teixeira, Manoel Dias ocupa, no PDT nacional, concomitantemente, os cargos de secretário-geral, tesoureiro e presidente da fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini. Não preciso dizer quem é o presidente plenipotenciário do PDT catarinense... O partido é um rotundo fiasco no Estado. Só para se ter uma idéia: em 293 municípios, ele administra somente os minúsculos Correia Pinto e Seara. E nem poderia ser diferente! O PDT acerta o apoio ao governador Luiz Henrique da Silveira, em troca da secretaria do desenvolvimento social, trabalho e renda. Quem é o filiado indicado? Ora, ora! A esposa do presidente Manoel Dias: Dalva Dias. O PDT acerta o apoio ao presidente Lula. Cogita-se dele receber a presidência da maior estatal do Sul do Brasil: a ELETROSUL. Quem se habilita para representar o PDT em tão árdua empreitada? Ele mesmo: Manoel Dias.

Se “o mundo é dos espertos”, o mundo político, então, é dos espertalhões. Já nem falo mais dos eleitores catarinenses que são obrigados, à cada eleição, a digerir esses pratos requentados e mal enjambrados, mas imagino a raiva que alguns peemedebistas e pepistas fissurados que eu conheço devem estar sentindo...

Um comentário:

  1. Eu berro para todos ouvirem Manoel Dias é o garoto de programa da política catarinense - Ia votar e fazer campanha para a TIA ANGELA, ela me trocou por minutinhos do PDT.
    Acho que ela não esperava eu ter virado celebridade. Apostou errado

    Agora não tem jeito, tenho que convencer meu cachorro , o Ventania a sair candidato

    Tia Angela fica com o Maneca e com a mulher dele recem saida do gov. LUiz Marlene Rica do PMDB , quem sabe vcs fazem umas casinhas para osa desabrigados lá de Blumenau que ainda moram em galpões.

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