sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Millôr disseca obra de Sarney e conclui que é uma merda

SARNEY E O BREJAL DOS GUAJAS - 1
(Uma tentativa de entender o livro, o autor, e o país em que nasceu um e foi
publicado o outro)

Leitor, mais uma vez fui enganado. E enganado em literatura, por gente da melhor qualidade pra julgar literatura, como João Gaspar Simões, Jorge Amado, Carlos Castello Branco, Josué Montello, Luci Teixeira, Antônio Alçada Baptista, Lago Burnett. E last but not least, pelo mais preparado de todos pra tarefa específica (estudou em Heidelberg), o crítico literário Leo Gilson que, em 66, me levou para a honrosa propaganda da Olivetti, de onde fomos afastados, Deus do céu!, por suspeitos de comunismo.

Fui enganado por todos esses luminares do pensamento. Da literatura de Sir Ney me afirmaram, em escritos de fé:

"Uma nova vertente na literatura Norte-Nordeste" - Carlos Castelo Branco.

"Grande escritor" - Josué Montello.

"O processo ficcional de repente se faz em correlações onde pequenos binários de ação se sintonizam por força da mesma tenção significadora" - Luci Teixeira.

"Lamentar o prejuízo que a literatura de expressão portuguesa tem vindo a sofrer pelo fato de José Sarney se lhe não dedicar o tempo inteiro" - Alçada Baptista.

"José Sarney é um escritor político no amplo sentido em que atinge a abrangência aristotélica" - Lago Burnett.

"O regionalismo que ele renova com a sua paisagem humana, sua poesia, sua
afinidade com a ingenuidade, a pureza e a graça maliciosa do povo maranhense, mosaico do povo brasileiro" - Leo Gilson Ribeiro.

Todos me enganando. Só fui desconfiar, apavorado com o complô, na primeira vez em que ouvi Sir Ney usar o apelativo rastaquera, "Brasileiras e brasileiros", fazendo média contraproducente (por ridícula) com o feminismo. E percebi, também, que ele era incapaz de construir uma frase, quanto mais um período, e nem falar de um discurso lógico. Por isso fui reler o Brejal dos Guajas com mais atenção. Fiquei estarrecido. Não se pode confiar o destino de um povo, sobretudo neste momento especialmente difícil, a um homem que escreve isso. Não tendo no cérebro os dois bits mínimos para orientá-lo na concordância entre sujeito e verbo, entre frase e frase, entre idéia e idéia, como exigir dele um programa de governo coerente pelo menos por 24 horas? Leia crítica completa. Beba na fonte.

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