quinta-feira, 16 de março de 2017

O pêndulo da suspeição

por Marcos Bayer
   Por agora, vamos falar de conceitos e deixar os números para depois.

   O país vive um momento de crise e nela temos que encontrar soluções. Isto é tão óbvio quanto o diagrama chinês da crise/oportunidade.

   Não restam dúvidas de que temos que discutir e aprimorar o sistema previdenciário e as relações de trabalho e capital. No mundo inteiro se faz isto, de uma maneira ou de outra.

   Não há dúvidas de que as populações mundial e brasileira crescem e aumentam os anos de vida. Maravilhas da ciência, da medicina e da evolução.

   Mas, o pano de fundo é sempre a relação capital e trabalho. Relação milenar, aliás.

   Observem os movimentos deste governo federal, vice da presidente afastada do cargo por razões sabidamente conhecidas.

   A CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira pública libera as contas inativas do FGTS para milhões de brasileiros, sob o argumento de que injetará recursos na economia para, de forma Keynesiana, movimentá-la.

   Este fundo (FGTS) que deveria ser uma garantia/poupança na aposentadoria tem um rendimento pífio, menor do que qualquer aplicação financeira no país. Além de ser a mola mestre para financiar a construção civil de várias escalas.

   As reportagens dos telejornais informam que a maioria das pessoas utilizará o dinheiro liberado para pagar dívidas. Logo, o que estamos vendo é mais uma transferência de capital da banca pública para a banca privada. Mas, supondo que as dívidas fossem majoritariamente com a banca pública, CEF e Banco do Brasil, ainda assim é uma transferência de capital pouco remunerado no FGTS para quitar dívidas de capital com juros altíssimos. Os juros dos empréstimos pessoais, consignados em folha, cartões de crédito, cheques especiais e outros mais.

   Além disto, depois da suspeição levantada pela lista do procurador geral da República, Rodrigo Janot, oitenta e três pessoas, entre elas, seis ministros de Estado, dois ex-presidentes da República, ex-presidente e atual do Senado Federal, atual presidente da Câmara dos Deputados, senadores, governadores e deputados federais, fazem parte do conjunto político que pretende decidir sobre duas matérias essenciais à vida dos brasileiros: previdência e relação trabalho/capital.

   Com qual autoridade política ou moral, poderão eles dizer à nação façam isto ou aquilo? Trabalhem 49 anos e aposentem-se aos 69. Contribuam e recebam dois ou seis salários mínimos e nós receberemos 30 salários...

   A atividade política é nobre e necessária. Sem a política não há sociedade organizada, não há avanço, não há esperança.

   Mas, das duas uma: Ou o Ministério Público Federal está enganado ou o nosso Congresso Nacional está podre.

   Ou ainda, o sistema político brasileiro está podre em todos os níveis de jurisdição. Ou eu estou doido? 

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