quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Os Performáticos Gestores Municipais

Por Eduardo Guerini
 
Preparando a aula teatral sobre eficiência e eficácia na gestão pública, diante da falta efetiva de gestores com diagnóstico realista sobre a realidade municipal.

   A conjuntura política do ano de 2017 continua traduzindo o problema político central na gestão pública brasileira, a fantasia da propaganda eleitoral fruto da mistificação no processo de recondução ou escolha dos novos gestores, continua legando um descrédito total nos partidos políticos e seus atores.
   O personagem produzido pelos “marqueteiros de araque” no programa eleitoral gratuito (pago pelo contribuinte brasileiro) ,  se transforma no teatro dos horrores com elevação de um realismo fantástico destoante da catástrofe das finanças municipais. Em todos os programas, nenhum diagnóstico produzido pelo “Tribunal Faz de Conta”, nada de projetos com apoio de especialistas, apenas um cenário de festim para enganar “incautos e afáveis” eleitores que se deleitavam nas imagens de dar “água na boca”.  Os atos e omissos são obras do acaso simbólico e da amnésia seletiva de partidos políticos e suas coligações.
   As sucessivas gestões municipais se embaraçam no enredo produzido pela Constituição de 1988, consubstanciadas no corolário do “neoliberalismo periférico e caboclo”, transferência de responsabilidades, orçamento engessado e centralização de recursos nos Estados e União.  A penúria fiscal contrastada pela incapacidade de prefeitos eleitos e suas coligações ampliar a base de arrecadação com “recursos próprios”.
   Eis que os performáticos prefeitos eleitos na safra de 2017, amparados por uma assessoria de “efeitos especiais” começa com cofres vazios, aspirações amplas e múltiplas, demandas sociais latentes,  sem contudo alterar a lógica da política do engodo para com eleitores e cidadãos nas municipalidades. A produção de entrevistas previamente arregimentadas pela mídia provinciana e seus colunistas “chapa branca” tece um rosário de lamentos , com vistosas aparições em  “coletivos urbanos”,  “pedalando pelas cidades” ,  “limpando praças”,  “travestido de gari” , “tocando violão para turistas desavisados”, “visitando as filas das UPAS” e outras performances bizarras. Todo o enredo tenta  separar o gestor político,   do “novo gestor” , aquele sujeito que  arregaça as mangas e coloca a mão na massa .
   No esteio dos cofres vazios,  equipes reduzidas e acordos amparados na coalização que submete o Poder Legislativo ao  governismo de cooptação, qual a política adotada – atacar os servidores concursados em seus direitos, reduzir o investimento já contraído ,  e,  propor alternativas para aumentar a arrecadação na base ,  sem tocar no topo da pirâmide social dos municípios. Por coincidência,  a elite municipal que está no topo é geralmente a financiadora e apoiadora de primeira hora de medidas que repetem o mantra do novo gestor : “fazer mais com menos, e,  melhor”.
   Nesta performance sem ritmo e desenvoltura , as primeiras ações relembram o padrão Odorico Paraguaçu: “Vai ter uma confabulância político-sigilista”. Enfim,  nada de transparência e diagnóstico realista sobre a falência do atual sistema político e pacto federativo. 

   Quem pagará a conta já esta definido e acordado por todos os gestores – o cidadão mais necessitado.

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