segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O surfe de Ramiro Rubim

Filme e edição de Fernanda Rey Arte Design




   Comentário do sempre oportuno, poético e esclarecido amigo Dario de Almeida Prado Jr.

    Canguita. Veja que beleza e que interessante:
   "E, de repente, enquanto a onda enorme ergue-se para o céu e rola na direção da praia, elevando-se como um deus do mar, quebrando e começando a espumar numa extremidade, no ponto em que está precariamente intacta, surge a cabeça escura de um homem. Rápido, ele se ergue sobre o branco espumante da crista. Seus ombros morenos, o peito, os braços, os quadris, as pernas - tudo se projeta para cima, como uma visão. Onde, segundos antes havia apenas uma parede de água gigantesca e um terrificante troar está um homem, ereto, em toda a sua altura; ele não se debate freneticamente naquela situação selvagem, não é sepultado e esmagado pelo monstro poderoso, mas, sim, se mantém de pé em cima dele, calmo, soberbo, firme sobre o vertiginoso ápice, os pés ocultos pela espuma que começa a se formar, a névoa salgada, subindo-lhe até os joelhos e todo o resto dele está livre, brilhando ao sol, voando rápido como a onda que o transporta". 

   O texto acima foi escrito no início deste século, precisamente em 1911. Em um linguagem simples, mas ao mesmo tempo refinada, Jack London, um dos mais importantes escritores de todos os tempos, descreve, com uma perfeição absoluta, a ação de um surfista. Mais do que isso, a paixão de London por esse esporte, que definiu como sendo dos "Reis naturais da Terra", acabou desencadeando um movimento capaz de colocar um basta no processo de extinção do surf. A partir da chegada dos primeiros missionários às ilhas havaianas, o surf, que vivera períodos épicos longe dos olhos preconceituosos do homem branco, passou por uma fase de obscuridade. Taxado como pecaminoso, pois os polinésios surfavam quase ou mesmo sem roupas, o surf foi sendo sufocado por uma postura intolerante dos evangélicos que, a todo custo, tentavam impor um cultura totalmente oposta às tradições daqueles que tinham o oceano como parte do quintal de suas casas.
Leia a matéria completa. Beba na fonte.

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