sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Pobretariado Endividado com a corda do FGTS no Pescoço


    Por Eduardo Guerini

Na falta de uma projeto de desenvolvimento com crescimento econômico e distribuição de renda, os trabalhadores continuarão reféns da pindaíba provocada por juros escorchantes,
desemprego crescente, queda no poder aquisitivo e na renda. Diante da fraqueza institucional
do governo Dilma, o crepúsculo do petismo,
a perda dos direitos é inexorável.

   A divulgação de mais um dado negativo na flutuação do emprego formal no Brasil, no período de janeiro à dezembro de 2015, desmascarou o estelionato eleitoral do Governo Dilma Rousseff. O fechamento totalizou mais de 1,5 milhão de vagas no exército de trabalhadores (-3,74%), com fechamento majoritário na Indústria (-608.878), Construção Civil (-416.959), Serviços (-276.054), Comércio (-218.650), com saldo positivo na Agropecuária de apenas 9.821 postos de trabalho.

   A debilidade político-institucional derivada do estelionato eleitoral, a conversão do programa neo-desenvolvimentista com farto endividamento público e crédito fácil, proporcionou pífios resultados no crescimento econômico, com projeção dos agentes econômicos que traduz o grau de estagnação no intervalo entre -3,5% a 4% no ano de 2015. Ainda que, todos os relatórios do Banco Central, dos agentes econômicos e organismos multilaterais apontavam para o desastre produzido pela lógica do petismo em suas políticas anticíclicas, resultantes de um keynesianismo bastardo que aprofundou a crise brasileira em patamares jamais vistos nas últimas décadas.

   No ramerrão do ajuste fiscal proposto no segundo mandato de Dilma Rousseff, o cadáver insepulto do lulopetismo consumou a oferta de contas vinculadas dos trabalhadores para nova farra do sistema financeiro nacional, com ganhos sugestivos diante de outros setores da economia nacional.

   A tentativa de formação de uma agenda positiva foi encarada como mais um ensaio de marketing eleitoreiro para mostrar a modesta ação governamental diante da “crise de confiança” no cenário de incertezas que se alastraram para além de 2017. O troféu oferecido pela degenerada e corrompida aliança governamental foi novamente um corolário de reformas que retiram os minguados direitos dos trabalhadores, como por exemplo, a famigerada Reforma da Previdência – aumentando a idade mínima.

   No cerimonial da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), composto por 92 personalidades de amplos setores sociais, inclusive sindicalistas, o Ministro da Fazenda hipotecou a segurança financeira para os Bancos continuarem usurpando o carcomido saldo dos trabalhadores no FGTS, supostamente para destravar o crédito e ativar a demanda. O risível desta pantomima é que um banqueiro foi o orador de todas as personalidades, resumindo a situação catastrófica que todos sentem na conjuntura atual: “Na recessão todo mundo perde” !!!

   Neste enredo pré-carnavalesco que oficializou o holocausto dos direitos da classe trabalhadora e do FGTS para especulação financeira sem fim, nenhum sindicalista teve a ousadia de levantar “braço forte e dar um brado retumbante”.

   Para o movimento sindical restará um fio de esperança quando o “pobretariado superendividado” e desempregado levantar-se e exigir uma “pá de cal” para enterrar traidores, acovardados e acumpliciados no insepulto cadáver do lulopetismo.


Comentário:
Não há como não lembrar do livro 'A Revolução dos Bichos' de George Orwell. Aliás toda a vida política e econômica da América Latina parece ter sido mesmo copiada de tal livro. Poderíamos ter sido ao menos um pouco mais originais. A presunção da superioridade de uns poucos para legitimar o poder, aliada à crença inocente de todos os demais. Promessas, reafirmações; promessas, reafirmações e uma fazenda de bichos que querem ter algo no que acreditar. Uma fantástica fábula onde a vida é idealizada em ilusões vendidas pelo poder que, por ser poder, nada pode ter em comum com os comuns. Qual é a novidade?

Como acreditar é legitimar, de forma lenta e muito consistente o Brasil volta a mostrar o que realmente é e sempre foi, uma nação onde perpetuamente poucos devem muito para muitos. Mas os muitos, sempre enfraquecidos por bobagens ideológicas dizeres teóricos, acreditam e assim, legitimam tudo.


Andre d'Aquino

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