sábado, 28 de fevereiro de 2015

Dos valores das coisas em geral...

Por Marcos Bayer
Cada dia mais distantes das regras econômicas clássicas, onde para Adam Smith as coisas tiham dois valores: “A água é útil, portanto, tem valor de uso, no entanto, não tem valor de troca. Já o diamante, não tem valor de uso, mas com ele se pode obter muitas outras coisas em troca”, vemos lentamente a modificação de certas afirmações. (1776).
  A água, bem essencial à vida, adquire a cada dia mais valor de troca em razão da escassez, da negligência dos homens e do aumento populacional.
Claro que encontraremos soluções para as crises de abastecimento. Seja pelo reutilização, pela dessalinização ou por outros processos químicos ainda não inventados.
A água já é uma commodity e pode vir a ser um bem com alto valor de troca.
Por outro lado, mais uma vez, o mercado determinará preço em razão da escassez ou da dificuldade de obtenção do precioso líquido.
Este introito é apenas para dizer que a água já faz parte do rol das coisas com valor de mercado e que seu preço estára sujeito às leis clássicas da economia liberal. No Kwait, por exemplo, a água potável vale mais do que a gasolina.
O avanço do capitalismo sem oponentes, pelo menos desde a queda do muro de Berlin em 1989, tem na escassez uma fonte de lucro. Aliás, é a escassez que determina o valor das coisas no sistema capitalista. O risco “protegido” também...
A social democracia escandinava, a melhor forma de organização política até agora experimentada pelos homens, poderia ser modelo para o planeta. Mas, não é...
Assim, na busca incessante do lucro, a qualquer preço, vemos a falência política de alguns países, entre eles o Brasil, onde nem os princípios básicos de proteção à cidadania são respeitados.
Nossos partidos políticos não conseguem manter uma conduta paralela entre a doutrina e a prática. Ambas são cruzadas ao longo do caminho.
Conseguimos construir uma capitalismo de favores (vide Eike Batista), de falsos talentos financiados por verbas públicas (vide as agências de publicidade e empresas de consultoria), de favores estatais, de castas funcionais bem remuneradas.
A tal da isonomia do serviço público tão discutida e debatida pela nação no processo constituinte (1987/88) deu espaço para carreiras de estado como juízes, promotores, diplomatas, fiscais de tributos, delegados e procuradores com remuneração absurdamente maior do que a de professores, médicos, dentistas, bombeiros e outras atividades públicas.
No setor privado, a corrupção na Petrobrás, mostra como estamos bem na prática de crimes financeiros. A nova CPI instalada na Câmara dos Deputados, entre seus 27 membros, tem dez deles financiados pelas empreiteiras envolvidas. Logo...
A argentocracia ou moneycracia, como queiram, controla o Brasil. Cada dia mais...
Ou o cidadão se corrompe ou sofre o peso da honestidade.

Conseguimos, com muito talento e brasilidade, construir um novo modelo político: a cleptocracia tropical.

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