domingo, 23 de novembro de 2014

Os miúdos, os graúdos e a República...


   Por Marcos Bayer
   A semana foi farta em surpresas. O elogiável trabalho da Polícia Federal na Operação Lava a Jato prendeu os graúdos do país. Aqui na Ilha, não menos elogiável, prendeu os miúdos na Operação Ave de Rapina.

   Cabe, então, uma sugestão a estas duas instituições: Polícia Federal e Ministério Público bem que podiam organizar uma força-tarefa (PF-MP) e fazer uma limpeza na Administração Pública brasileira. Uma tarefa permanente.

   Quando os meninos brincam de polícia e ladrão e na brincadeira existem helicópteros imaginários, geralmente os chamam de Águia 1 e Águia 2. Uma maneira “secreta” de fazer referência aos dois aparelhos voadores.

   Alguns trechos das gravações da PF sobre os “pardais” e a corrupção decorrente das suas contratações são assim: ingênuos como nas brincadeiras dos meninos. “Olha, traz no elástico e no envelope a parte do chefe”.

   O que seria? Um lanche, uma tartaruga ou dinheiro?

   Os dois elementos da Guarda Municipal presos com R$ 100 mil reais na volta de Porto Alegre, junto com o Termo Aditivo que favorecia a empresa responsável pela instalação dos controles de velocidade em Florianópolis eram emissários de quem?

   Do além? Da FIFA? Da Ordem dos Templários?

   O ex-presidente da Câmara de Vereadores (César Luiz Belloni Faria) é nascido em 1966. O prefeito César Souza Jr. Em 1979. Ambos amadureceram sob a égide da Constituição de 1988. Ambos têm noções de Direito, Administração e Cidadania.

   Não se pode permitir que esta geração formada sob uma ordem jurídica democrática, num Estado de Direito, deixe passar alguns atos de corrupção como os da operação mencionada.

   O vereador procurador da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, além de embolsar R$ 25 mil mensais, tem o dever do exemplo funcional. Como representante popular, cujo mandato lhe rende mais R$ 13 mil, tem a obrigação de tratar dos assuntos da cidade com absoluta lisura.

   Não sabemos o resultado final das investigações. Não sabemos se o Ministério Público fará a DENÚNCIA, se o Magistrado vai recebê-la e como vai julgá-la.

   Não sabemos também, ainda, como reagirão os outros vereadores da CMF.
   
   No entanto, o prefeito, o ex-presidente da Câmara de Vereadores, alguns diretores de órgãos municipais e vereadores devem muitas explicações aos cidadãos de Florianópolis. Além das explicações, rescisões contratuais, mudanças na gestão, requalificação de pessoal, mais ética e eficiência. A cidade não suporta mais "estórias para boi dormir".

   O recém-inaugurado sistema de transporte municipal é um exemplo do engodo. Pintaram os ônibus de azul e branco, alteraram alguns horários e escreveram na lataria: sistema integrado de mobilidade. Como se mobilidade urbana fosse fantasia de carnaval.

   O prefeito também não precisa divulgar nota afirmando que foi à PF prestar esclarecimentos, espontaneamente. Ele foi intimado pelo delegado federal e numa democracia isto não deve ser objeto de vergonha ou medo. É rotina pública.

   Também não precisa promover reunião urgente dentro de automóvel. Assuntos políticos e públicos devem ser tratados em gabinete de trabalho.

   O trabalho, elogiável, da PF na Operação Ave de Rapina é um presente de Natal para a cidade. É educativo e merece o apoio de todos os cidadãos de uma República.

   Gente do tipo investigado, depois de comprovada a culpa, deve ser banida da vida pública, antes que possam vir a ser deputado, senador, governador ou até presidente. São nocivos aos interesses da República. Devem procurar dinheiro em atividades próprias da economia de mercado. Não na política.



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