terça-feira, 6 de setembro de 2011

Roubo na Celesc: Onde você estava no dia 13 de junho de 2010?

    Adoro esta pergunta. Onde você estava no dia do assassinato do presidente Kennedy? Onde você estava no dia que atacaram as torres gêmeas?
Não existe coisa mais americana que esta pergunta. Desde que a ouvi pela primeira vez, associo sempre minha localização espacial com acontecimentos marcantes.

    Você lembra, leitor/eleitor, onde estava no dia 13 de junho de 2010?
    O que aconteceu nesse dia em Florianópolis?
    Foi o dia em que Eduardo Pinho Moreira surpreendentemente renunciou à cabeça de chapa para disputar o governo de Santa Catarina em nome do demista Raimundo Colombo.
    A intempestiva decisão de Pinho Moreira, após atropelar Dário Berger na conveção do PMDB, e jurar que o partido teria candidato própio a qualquer custo, deixou a todos abalados.

    No dia 9 de junho Pinho Moreira ainda escreveu no seu twitter:
@eduardopmoreira Não sei onde buscam as mentiras de que eu cederia a cabeça de chapa para o governo do Estado. Qual uma razão apenas para tal? 5:36 PM Jun 9th via web

    Nadou, nadou e morreu na areia. 
    Na reunião com Raimundo Colombo, "o ex-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) garantiu abrir mão da candidatura. A aliança foi divulgada depois de um encontro entre os dois que durou cerca de duas horas na noite de domingo", anunciava o Diario Catarinense no dia 13 de junho. 

    A razão para tal atitude ninguém sabia. Todos especulavam. Mas hoje se sabe o que aconteceu na fatídica reunião de Pinho Moreira com Raimundo Colombo.

    Em cima da mesa, onde os caciques do PMDB e do DEM discutiam, estava um poderoso dossiê contra Eduardo Pinho Moreira. Um dossiê elaborado por Lírio Parisotto, o maior investidor individual da Celesc, com 11,7% das ações da empresa. Parisotto não só denunciava a milionária roubalheira dentro da Celesc na gestão de Pinho Moreira, como os roubos anteriores praticados por políticos que por ali passaram.

    Não imagino onde você estava, leitor/eleitor, nesse dia 13 de junho de 2010. Mas imagino onde você estava com a cabeça quando votou nessa quadrilha de ladrões que há anos assaltam o nosso dinheiro através da estrutura de governo. 

    Só com Luiz Henrique da Silveira foram oito anos de uma administração eivada de denúncias de corrupção com uma média fantástica de quase uma denúncia por mês. 
    As digitais estão sempre na cena do crime. 
    Como dizia Garganta Profunda, informante dos jornalistas que desevendaram o caso Watergate: - Sigam o dinheiro, sigam o dinheiro
    Sempre que se segue o dinheiro se chega ao meliante mor!


    Abaixo a entrevista de Lírio Parisotto ao DC, que estremeceu as bases da quadrilha que queria se manter na cabeça do poder:
Está tudo aqui: 
 
MONREAL
– O caso da Monreal (empresa contratada para terceirizar a cobrança) é o mais absurdo de todos. Não sei se o Dilson (Oliveira Luiz) foi conivente ou se não sabia o que estava fazendo. Ele foi parar na diretoria comercial por indicação dos funcionários. E tratava de cobrança. Eu já desconfio por aí. Em qualquer empresa, cobrança é coisa para diretoria financeira. Enfim, o Dilson entrou na diretoria comercial e foi assinando tudo o que passavam para ele. Inclusive, o uso indevido de dinheiro para a Monreal. Outro rombo, dessa vez uma fatura de R$ 12 milhões. Quando foi afastado do cargo, saiu dizendo que muitos interesses ficaram contrariados. Interesses? Só se for o interesse da Monreal, que, de junho de 2006 a dezembro de 2008, passou a ter pagamentos, antes de R$ 600 mil a R$ 800 mil, de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões por mês. Durante 30 meses. Uma empresa de cobrança completamente desnecessária. A Celesc tem SPC, Serasa e corte de energia para fazer o inadimplente pagar, e 1,5 mil pessoas nos escritórios que podiam fazer isso. Não precisa da Monreal, que só fazia o seguinte: em vez de entregar a carta de cobrança depois de 90 dias sem pagamento e já com corte de energia, entregava a carta com 45 dias sem pagamento.

 

DENÚNCIA
– Eu tenho um defeito: sou craque na leitura de balanços. É chato, eu sei, mas as informações estão todas lá. Quando escrevi a carta, no meu último dia no Conselho da Celesc, 27 de abril de 2009, foi porque, lendo os balanços, descobri uma conta, a ser paga no longo prazo, chamada “dívidas para acertar com o Estado”. Era um furo de R$ 40 milhões. Pedi para abrir e apareceu o contrato de 1986, quando o governo sacou dinheiro do caixa da Celesc, prometendo pagar com dividendos futuros. Mas os dividendos nunca foram retidos. Na minha saída, perguntei ao diretor Arnaldo (Venício de Souza) porque não eram retidos. E ele disse que não ia reter. Ou seja, a diretoria compactuava, não havia nem sequer previsão da retenção desse dinheiro. Eu avisei que se não fizesse a retenção, eu denunciaria a Celesc à CVM (Comissão de Valores Mobiliários, órgão que regula o mercado de capitais). Eles não fizeram. Tanto que eu avisei a CVM numa quinta-feira, às 17h. E na sexta-feira, às 9h, a CVM tinha tomado uma atitude.

ROMBO

– O maior erro da Celesc foi não investir na geração de energia. Com o que tem de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), ela fatura R$ 60 milhões e lucra R$ 40 milhões. Onde mais existe esta razão? Mas focou na distribuição, que só não dá prejuízo porque colocam R$ 500 milhões de inadimplentes como renegociação. A Celesc tem R$ 1 bilhão de inadimplência. Mas esses R$ 500 milhões são incobráveis. Só constam como renegociados porque, se fizessem um balanço limpo, a empresa teria um prejuízo de, no mínimo, R$ 300 milhões. Não quero ser injusto com ninguém, mas tem muita negociata lá dentro. Uma empresa que troca quatro vezes de presidente em um ano, como é que vai ter planejamento? Nas empresas equivalentes à Celesc, como RGE e Coelsa, todas de gestão privada, o lucro líquido é de 10% a 15% do faturamento. A Celesc fatura R$ 5 bilhões. Por baixo, deveria ter um lucro de R$ 500 milhões por ano. Em 2009, lucrou R$ 130 milhões. Este ano, deve ficar em R$ 30 milhões. Ou seja, desaparece R$ 1,5 milhão por dia na Celesc.


Entrevista completa. Beba na fonte.

L.A. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Roubo na Celesc: Onde você estava no dia 13 de jun...": Muintíssimo interessante a CELESC não ter investido em geração de energia, mas alguém investiu,sigam o dinheiro e encontrem os investidores em PCHs.

 Volts deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Roubo na Celesc: Onde você estava no dia 13 de jun...": Canga,
Com a palavra o Ministério Público de SC.
Se nada acontecer, então é porque não há mais solução.
Volts Amperes, o cientista. 

2 comentários:

  1. Canga,

    Com a palavra o Ministério Público de SC.
    Se nada acontecer, então é porque não há mais solução.

    Volts Amperes, o cientista.

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  2. Muintíssimo interessante a CELESC não ter investido em geração de energia, mas alguém investiu,sigam o dinheiro e encontrem os investidores em PCHs.

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