segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O JEITO FEMININO DE FAZER POLÍTICA

Por Edison da Silva Jardim Filho
    Assim que foi escolhida pela presidente Dilma Rousseff para ocupar o cargo de ministra das Relações Institucionais, a ex-senadora Ideli Salvatti deu uma entrevista ao jornal: “O Globo”. Indagada se a fama de duronas, dela e da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, assustaria os homens, a então futura ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, depois de exaltar a sensibilidade feminina (“mulher tem essa sensibilidade”), ainda despejou a decoreba: “Diferentemente de boa parte dos homens, conseguimos não só fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo, como também fazemos de forma diferente várias coisas.” Respondendo a outra pergunta, ela voltou a bater na tecla da supremacia das características das mulheres em comparação com as dos homens: “Aí entra a feminilidade, o jeito feminino de fazer.”


    O leitor do jornal “O Globo”, mesmo com um grau médio de escolaridade e compreensão, que residisse em qualquer outro lugar que não seja Santa Catarina, seria levado a achar que a então futura ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, estava afirmando que as “coisas” que as mulheres “conseguem fazer”, inclusive relativas à política, “diferentemente” das produzidas por “boa parte dos homens”, são todas elas respeitáveis.

    Certamente, um grande número de catarinenses esclarecidos leu a reportagem da revista “IstoÉ” que trouxe a transcrição de trechos de conversa telefônica travada entre a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, e o ex-deputado estadual e federal, e à época presidente do Partido Republicano (PR) em Santa Catarina, Nelson Goetten. O grampo foi feito por determinação judicial, no decorrer de investigação da polícia civil que redundou na prisão de Nelson Goetten, por pedofilia.

    Em pleno reinado indecoroso do PR no Ministério dos Transportes, a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, abria o coração para Nelson Goetten sobre o seu receio de que o superintendente do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Santa Catarina, João José dos Santos, pudesse vir a perder o cargo em consequência de articulações do ex-deputado federal pelo PT, Cláudio Vignatti. João José dos Santos é acusado, em investigações do Ministério Público Federal e do Tribunal de Contas da União, dos mesmos descalabros administrativos e atos de corrupção que levaram, recentemente, às demissões do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e de dirigentes do DNIT e da VALEC (a estatal de obras ferroviárias).

    Num dado momento da conversa, a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, falou para Nelson Goetten (senti, enfim, sinceridade em sua dramaticidade): “- (...) Eu estou apavorada com essa movimentação. Apavorada! (...) A situação do João José vai ficando muito delicada.” O leitor dessa reportagem da “IstoÉ” deveria procurar ouvir o áudio da gravação telefônica, encontradiço no site da revista. Acreditem, se quiserem: a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, “estava apavorada”, junto com Nelson Goetten, porque João José dos Santos se mostrava um péssimo gestor do DNIT, retardando obras reivindicadas há décadas pelos catarinenses, como a duplicação da BR-101.

    Agora, a imprensa noticia que a então senadora, Ideli Salvatti, apresentou emenda ao orçamento da União, direcionando R$ 200 mil para uma ONG chamada “Cesap (“Centro de Elaborações, Assessoria e Desenvolvimento de Projetos”), cujo sócio-fundador é o seu ex-assessor e coordenador da campanha eleitoral derrotada ao governo do Estado, Claudionor de Macedo. Diante do fato, inexplicável, de que, com milhares de ONG´s na praça, a então senadora Ideli Salvatti propôs o repasse de dinheiro público justo para o seu amigo e subordinado, Claudionor de Macedo, o jornalista da revista “Veja”, Reinaldo Azevedo, postou no seu blog comentário lançando, legitimamente, dúvidas sobre o destino final da verba. “Se alguém, sabedor de como são as coisas na República, desconfiar que o dito-cujo era só um laranja e que Ideli estava repassando dinheiro para si mesma, a agora ministra não pode reclamar, né?”

    A ministra Ideli Salvatti faz política como um homem! 


Lila deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O JEITO FEMININO DE FAZER POLÍTICA": Caríssimo! Em minha opinião, essa “guerra dos sexos” é coisa já um tanto passada, pode até gerar umas análises incompletas. Acho que política se faz com base em determinados ideais (ou na falta deles), opções, visões de mundo etc. Se são masculinas ou femininas, é outra história. Aliás, esse papo de “sensibilidade feminina” sempre me faz pensar em Margareth Tatcher ou Roseana Sarney... Bah! E quanto a Ideli Salvati, não é o fato de fazer política como homem ou mulher que a põe nesta situação; pra mim, é o fato de fazer política como oportunista, da pior espécie. Abraços!  

2 comentários:

  1. Caríssimo! Em minha opinião, essa “guerra dos sexos” é coisa já um tanto passada, pode até gerar umas análises incompletas. Acho que política se faz com base em determinados ideais (ou na falta deles), opções, visões de mundo etc. Se são masculinas ou femininas, é outra história. Aliás, esse papo de “sensibilidade feminina” sempre me faz pensar em Margareth Tatcher ou Roseana Sarney... Bah! E quanto a Ideli Salvati, não é o fato de fazer política como homem ou mulher que a põe nesta situação; pra mim, é o fato de fazer política como oportunista, da pior espécie. Abraços!

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  2. Ela faz política como homem e bota a mão naquilo também...

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