quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Gainsbourg - O Homem que Amava as Mulheres"


Da Revista NAIPE

Por Iana Lua
    O filme começa com duas crianças sentadas na praia.

- Posso pegar na sua mão? - pergunta o baixinho e orelhudo.
- Não, porque você é muito feio - responde a menina, que sai correndo.

    Enquanto ela parte, ele encontra uma bituca de cigarro na areia e dá uma tragada.

    Os três principais personagens do longa: Serge Gainsbour, cigarros e mulheres. Aliás, muitos cigarros e muitas mulheres.
    Nascido na França nazista, Lucien (nome verdadeiro de Serge) era forçado pelo pai a tocar piano, mas gostava mesmo era de pintar. Na escola de artes, não se conformava em retratar vasos como os outros de sua idade. Seu interesse estava no modelo dos alunos mais velhos: mulheres peladas. Ousado e insolente, impressionava os colegas com seus rabiscos sensuais e por saber exatamente como desenhar pelos em uma xoxota.

   Por grana, o Gaisnbourg adulto toca piano em cabarés e bares. Descobre na música sua melhor forma de expressão. As letras provocativas se tornam hits e vão parar nas bocas dos famosos cantores franceses da época.

    Serge vira ícone e adota um estilo de vida boêmio regado por álcool, permeado pela fumaça dos cigarros e entretido por mulheres.

    Ah, as mulheres. Aquele primeiro episódio na praia não abalou a autoestima do cantor. Sim, ele continuou baixinho, orelhudo e agora também dono de uma bela napa, mas isso não impediu que traçasse as mais belas personalidades femininas da época.

    Entre elas, Brigitte Bardot, inspiradora do hino erótico Je T’aime... Moi Non Plus – um combinado de gemidos e sussurros arquivado devido à fúria do marido da musa loira. Anos mais tarde, a canção-orgasmo foi lançada na voz da absurdamente bonita atriz britânica Jane Birkin, com quem Gaisnbourg teve seu mais duradouro relacionamento: 13 anos com direito a uma herdeira, Charlotte Gainsbourg, atriz do filme Melancolia.

    O filme é a estreia de Joann Sfar nos cinemas como diretor. O famoso cartunista francês escreveu em 2009 uma biografia de Gainsbourg no formato de história em quadrinhos, e daí tirou a inspiração para transformar o longa em uma verdadeira fábula onde história e fantasia se confundem em uma interpretação livre e criativa.

    O alter ego de Gainsbourg ganha vida na forma de um personagem imaginário que o acompanha todo tempo. É a consciência do cantor, só que apenas o lado do diabinho - já que seus conselhos seguem a linha de: fume mais um cigarro e arrume mais uma amante. Assim o diretor não entrava a cinebiografia com clichês e moralismos e tem a quem culpar pelo comportamento politicamente incorreto do cantor.

    Resumindo: se você gosta de cinema de qualidade, vá assistir. Não sendo assim tão cinéfilo, mas apreciador de um bom par de tetas, vá também. Há de sobra para os dois casos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário