terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Luizão "marcão"

Cabelos grisalhos, andava na faixa dos 50, por aí. Malandro, Luizão gostava de todo o tipo de festa, amigos e bebidas. Era um profissional, só não se dava bem com marijuana, a maconha! Havia parado de fumar aos 25 anos. Dizia que ficava de bobeira, sem memória e muito "marcão". Aquela emburrecida que a maconha naturalmente proporciona.

- Fumava unzinho, abria a porta da geladeira e ficava uma hora ali olhando para dentro sem conseguir lembrar o que havia ido buscar. Uma merda!  
Comentava sempre com os amigos para justificar porque havia parado com o béqui

Tarde dessas, resolveu levar umas roupas usadas para os filhos de um amigo que mora em um morro no centro de Florianópolis. Na subida foi saudado pela rapaziada da ala de frente com: - Vai "um" aí coroa?
Recusava gentilmente: - Valeu manu,  não fumo !

Ao chegar lá em cima encontrou o amigo, entregou as sacolas com roupas e sentou na calçada da viela para um papinho rápido e retomar o fôlego. A rapaziada estava baforando "um". Cheiro forte, perfumado. A coisa rodava como em roda de chimarão e fatalmente caiu nas mãos do Luizão.

- Vou dar um tapa nesse lance. Faz alguns anos que não fumo. Comentou.

Fumou com vontade. Na saída do baseado da boca deu uma profunda aspirada na fumaça, seguida de uma baita prensa. Tonteou, foi e voltou a tempo de ouvir as exclamações:

- Aí coroa, cheio de manha, heim! 

Uma desgraça! Luizão percebeu que não se faz mais maconha como antigamente! Hoje é tudo porrada! Um tal de skank! Passada a viagem inicial, despediu-se dos amigos e empreendeu outra viagem: a da descida.  Andou entre um: valeu rapaziada! e um: falou coroa!  Foi
descendo, curtindo a cidade lá embaixo, agora iluminada por um sol forte de começo de tarde. As casa, prédios, carros e ruas estavam mais iluminadas que de costume, para o Luizão. Tava bonito de se ver.

Distraido, Luizão esqueceu que havia fumado. Entrou no carro e tentou levar a vida como se fosse real. Chegou no centro, estacionou e saiu em direção ao banco. Ao chegar na esquina, alguém dobra subitamente e  grita: 
- E aí cara! Tanto tempo!

Pego de surpresa, Luizão não teve tempo, pela proximidade, de reconhecer o amigo, porém sacou que era uma saudades muito grande. Imediatamente abraçou forte e afetivamente aquela pessoa que não o via há tanto tempo. Foi repelido com um forte empurrão e quase foi à lona. Supreso, olhou para cima e percebeu que o indivíduo tinha um fone no ouvido com um microfone na altura da boca. Estava falando no celular, free hands!!!!!

Saiu sem dar explicações e puto da cara com ele mesmo. Afinal, pra que fumar se já sabia que ficava "marcão"!

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