domingo, 24 de outubro de 2010

“EDUCAÇÃO DE BERÇO”

Por Edison da Silva Jardim Filho
Podem achar o que quiserem, mas, de tudo a que eu assisti e venho assistindo nesses oito anos de governo do presidente Lula e, principalmente, a partir da participação que ele teve e tem na campanha eleitoral de sua candidata, Dilma Rousseff, concluo que, para ocupar determinados cargos públicos, é necessário que os postulantes tenham uma educação sutil que não se aprende senão pelo exemplo no seio de uma família bem constituída. Dentre esses poucos cargos públicos, obviamente que está o mais importante deles, a presidência da República.
Na última quinta-feira, depois de inaugurar obras do Polo Naval na cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul, portanto, no exercício da presidência da República, Lula esgrimiu a versão de que o candidato da oposição, José Serra, teria sido atingido na cabeça por uma bola de papel jogada por militantes do PT, durante a caminhada que fizera, no dia anterior, pelo calçadão de Campo Grande, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Isso para poder increpar, como o fez, o incidente da agressão sofrida pelo candidato José Serra de “mentira descarada” e “farsa”, chegando a compará-lo à simulação, feita pelo goleiro chileno Roberto Rojas na partida contra o Brasil no Maracanã, durante as eliminatórias da Copa do Mundo de 1.990, de ter sido alvejado por um foguete. O presidente Lula baseava-se em imagens das redes de televisão SBT e Record, gravadas 20 minutos antes do outro momento, este captado pela câmera do telefone celular de um repórter do jornal “Folha de S.Paulo”, quando a cabeça do candidato José Serra é atingida por um rolo de fita crepe. A existência dos dois momentos distintos e o fato de o candidato José Serra ter sido, realmente, alvejado pelo rolo de fita crepe, foram examinados e constatados pelo perito Ricardo Molina, com ambas as imagens sendo exibidas na mesma quinta-feira à noite, pelo “Jornal Nacional” da TV Globo.
Detalho esse triste episódio já suficientemente conhecido, para poder chegar aonde eu quero. Na entrevista após a inauguração de obras do Polo Naval na cidade gaúcha de Rio Grande, o presidente Lula recorreu às expressões: “esse cidadão” e “esse homem”, para referir-se ao candidato José Serra.
Antes disso, no comício final do primeiro turno, realizado na cidade de São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, o presidente Lula havia se reportado ao candidato a governador pelo PSDB, Geraldo Alckmin (ex-governador e candidato a presidente da República), como “esse sujeito”: “Em 2.006, fui para o segundo turno com esse sujeito que está disputando com você (Aloizio Mercadante).”
E, antes ainda, o presidente Lula chamou a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, de “uma procuradora qualquer”. Tal aconteceu porque a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, diante dos inúmeros crimes e transgressões eleitorais de todos os tipos cometidos pelo presidente Lula, arrostando, com inimaginável fúria, a legislação eleitoral vigente e os princípios morais e éticos que incumbe ao seu cargo obedecer e resguardar, “ousou” declarar, em entrevistas publicadas na imprensa, que ele deveria “fechar a boca”, vez que, reiteradamente, mencionava a sua candidata, Dilma Rousseff, em discursos proferidos em eventos oficiais, apesar das muitas multas impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Depois desta eleição presidencial, haverá três certezas. Primeira: ninguém saberá mais os significados de “abuso de poder” e de “desequilíbrio da disputa eleitoral”. Segunda: o segmento esclarecido, atento e honesto do eleitorado brasileiro haverá de considerar, na hora de votar, que o exercício de determinados cargos, feliz ou infelizmente, requer a chamada: “educação de berço”. Terceira: teremos de recriar, enfim independentes (salve, salve!), o Poder Judiciário e o Ministério Público.

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