domingo, 15 de agosto de 2010

Coincidências: leitor do blog dançou em concurso e acabou na Defensoria Pública da União

Recebo e-mail do jornalista Rafael Leiras que morou aqui em Floripa e volta e meia comentava no Cangablog. Coincidentemente hoje postei uma notícia sobre empatação de conscurso e acima o artigo do meu amigo Edison Jardim sobre defensoria pública. Pois o Rafael, lá em Natal, comentou sobre os dois assuntos.

É, Rubim, esse negócio de concurso público é enrolado mesmo. Mas, como tudo na vida, no fim sempre recompensa quem merece, apesar de todas as barreiras que o cara tem que enfrentar, como a estupidez de interesses mesquinhos, e ainda inventando tempo e energia para conseguir meter a cara nos estudos.

Você deve lembrar de mim. Dei a cara a tapa no rolo da ALESC e deu no que deu: por buscar justiça, tive que engolir uma tempestade de sapos. Mas a fila anda rápido e já nem vivo mais em Floripa. Fazia tempo que não acessava seu blog e hoje vejo ali duas coincidências pessoais. 1) Mais um rolo envolvendo concurso estadual = mais gente tendo a amarga experiência de ser "passado pra trás". Não sei se você já passou por isso, mas certamente conhece alguém. É duro. 2) A polêmica sobre a implantação da Defensoria Pública de SC e a grande importância desse órgão para a sociedade.

Explico: é que exorcizei essa história da ALESC, resolvi sair da ilha, passei num concurso para a Defensoria Pública da União e estou morando em Natal. No começo, Rubim, confesso que fiz alguns concursos "apenas" porque precisava de um emprego melhor pra sustentar minha família. Meus sonhos e meu trabalho sempre passaram bem longe da idéia de virar funcionário público. Mas... esta semana começo no novo trabalho, já andei conversando com os defensores federais daqui e estou muito empolgado pelo grande trabalho que os jornalistas aprovados nesse concurso têm pela frente, em todo o Brasil: levar à sociedade o trabalho essencial que é feito por esse órgão (e que ainda não é reconhecido). Nos próximos anos, temos a missão de elevar a imagem da DPU ao seu verdadeiro status e, com isso, deixar claro a todos que não pode haver democracia sem uma Defensoria Pública forte, trabalhando em cada canto do país.

O Ministério Público, por exemplo, veio construindo, ao longo dos últimos 15, 20 anos, a sólida imagem que tem hoje. Lembro que era um órgão pouco conhecido. Hoje, qualquer pauta relacionada ao MP que chegue numa redação sempre é olhada atentamente. Da DPU, com seu trabalho que dá dignidade, garante direitos fundamentais e até salva vidas de quem não tem quase nada, fala-se pouquíssimo. Enfim, é hora de mudar isso, e o trabalho começa nesta terça com a posse dos novos servidores. Vários jornalistas foram aprovados para as unidades da DPU em todo o Brasil, e se conseguirmos fazer um trabalho integrado, a DPU de 2020 será enfim conhecida e reconhecida (como é hoje o MP). E consequentemente terá que chegar a todos os cidadãos brasileiros, com a qualidade e a autonomia necessárias. Além do trabalho principal de assistência jurídica, acho que há muitas outras iniciativas que a DPU pode adotar, mas não quero colocar o carro na frente dos bois... Como comentou comigo um futuro colega que já trabalha no órgão, em outra área: "A Defensoria é a última esperança de muita gente que não tem mais a quem recorrer".
(Parece bem mais salutar que trabalhar na nossa respeitabilíssima ALESC, não?)
Abraço,
Rafael Leiras

Um comentário:

  1. A defensoria pública é importantíssima, desde que exerça sua função: defender os pobres. O problema é que hoje em dia ela quer abraçar atribuições que não são suas (interesses difusos e coletivos) e abandona os hipossuficientes.
    abs, Marcelo

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