quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Na militância do jornalismo

Flávio Negão com sua Ana em uma das memoráveis noitadas do Bar Roma (Foto: Celso Martins)

Conversando hoje a tarde com o Ney Vidal, amigo de longa data e companheiro de militância jornalística, lembramos do Flávio Negão. O Flávio, carioca, era amigo do Ney e do Eloi Galotti. Trabalhou no jornal O Estado e depois do famoso "passaralho" foi parar na redação do Jornal Afinal.
O Negão era uma figura que não passava despercebido. Quase dois metros de altura, magro, cheio de trejeitos e com uma voz de tenor. Um carioca clássico. Puxava samba como ninguém.
O Jornal Afinal era proibido de ser vendido nas bancas de revistas. Tinhamos que buscar uma alternativa. Criamos, então, uma coisa chamada Comandos de Vendas. A cada edição de 5 mil exemplares íamos para a frente do Senadinho (Ponto Chic) no Calçadão da Felipe Schmidt e, aos gritos, anunciando as manchetes do Afinal, vendíamos um monte de jornais.
No final da tarde, com o dinheiro das vendas íamos para o Bar Roma e comemorávamos mais uma edição. A saideira era sempre a penúltima.
Mas o grande lance dos Comados de Vendas era ver, de nós, quem era o mais criativo no anúncio das manchetes. E aí o Flávio matou a pau.
Não lembro direito em que número do jornal saiu uma matéria denunciando que as torres de alta tensão da Celesc causavam sérios problemas para a população do Morro do Mocotó. A matéria era do Nelsinho Rolim, casualmente, morador da rua 13 de Maio ao lado do morro.
Tinha dados científicos e afirmava que os fios de alta tensão causava, pasmem, impotência!

O Flávio Negão, em um Comando de Vendas no Ponto Chic, anunciava em alto e bom som:

- Cabos da Celesc podem causar impotência no Morro do Mocotó!

Após uma breve pausa, para delírio dos "espectadores", completava:

- Donas de casa reclamam!

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